De modo geral o estresse se traduz na ansiedade, uma atitude fisiológica (normal) e responsável pela adaptação do organismo às diversas solicitações existenciais. A ansiedade proporciona, por exemplo, as mudanças no desempenho físico quando um cachorro feroz avança sobre a pessoa, na fuga de um incêndio, nos apuros no trânsito, diante das agressões e assim por diante. Situações abstratas também desencadeiam ansiedade, como por exemplo, na perspectiva de demissão, dos compromissos financeiros mais difíceis e assim por diante.
O desempenho do indivíduo pode ser extraordinário nas situações de maior exigência, muito mais eficaz do que em situações mais calmas. Se não existisse esse mecanismo que coloca o organismo em posição de alarme, talvez nossa espécie nem teria sobrevivido às adversidades encontradas pelos nossos ancestrais.
Embora a ansiedade favoreça a adaptação, ela o faz somente até certo ponto, até que nosso organismo atinja um máximo de eficiência. Mas essa atitude não pode ser excessiva nem infinita. À partir do ponto de sobrecarga excessiva - determinado pelas condições de cada um - ao invés de contribuir para a adaptação a ansiedade fará exatamente o contrário, ou seja, resultará na falência adaptativa. Persistindo por mais tempo esse ponto crítico e excessivo a partir do qual a ansiedade foi incapaz de favorecer a adaptação, ocorrerá o esgotamento da capacidade adaptativa.
Com a civilidade outros perigos passaram a ocupar o lugar daqueles que estressavam os ancestrais arqueológicos do ser humano. Hoje em dia estressa a competitividade social, a segurança social, a competência profissional, a sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaças abstratas, porém reais. Tudo isso passou a ter o mesmo significado de ameaça e de perigo que as questões de sobrevivência à vida ameaçavam o homem das cavernas. As ameaças do ser humano moderno vivem, dormem e acordam com ele.
A ansiedade aparece como um sentimento de apreensão, uma sensação de que algo está para acontecer, representa um contínuo estado de alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem se começou. Desse jeito o domingo tem a tensão de segunda-feira e antes de dormir já se pensa em tudo que deverá ser feito quando o dia amanhecer. É a corrida para não deixar nada para trás, além dos concorrentes. É um estado de alarme contínuo e uma prontidão para o que der e vier.
A natureza foi generosa e previdente oferecendo a atitude da ansiedade ou estresse, entretanto, não havendo um tempo suficiente para a recuperação desse esforço psíquico, ou seja, persistindo continuadamente os os agentes estressores que desencadeiam a ansiedade, os recursos para a adaptação acabam se esgotando. O esgotamento é, como diz o próprio nome, um estado onde nossas reservas de recursos para a adaptação se acabam.
Os sintomas mais comuns da ansiedade podem ser listados como abaixo e, normalmente, costumam estar relacionados à estresse crônico. Esse quadro tem um curso flutuante, variável de pessoa para pessoa e tendência à cronificação.
SINTOMAS ASSOCIADOS À ANSIEDADE CRÔNICA |
01 - tremores ou sensação de fraqueza 02 - tensão ou dor muscular 03 - inquietação 04 - fadiga fácil 05 - falta de ar ou sensação de fôlego curto 06 - palpitações 07 - sudorese, mãos frias e úmidas 08 - boca seca 09 - vertigens e tonturas 10 - náuseas e diarreia 11 - rubor ou calafrios 12 - polaciúria (aumento de número de urinadas) 13 - bolo na garganta 14 - impaciência 15 - resposta exagerada à surpresa 16 - dificuldade de concentração ou memória prejudicada 17 - dificuldade em conciliar e manter o sono 18 - irritabilidade |
Será a Personalidade de cada um quem, de fato, atribuirá valores e significados aos acontecimentos, tomando-os ou não por estressantes, angustiantes, temerosos, ameaçadores e assim por diante. Um Ego funcionando adequadamente é capaz de prover a adaptação necessária entre o mundo externo e interno, ou entre o indivíduo e seu ambiente, ou, finalmente, entre o ser e seu destino. Sempre que houver fragilidade desse Ego, haverá comprometimento na adaptação e desequilíbrio entre o ser e o mundo ou, resumindo, haverá uma ansiedade excessiva.
Os estímulos estressores capazes de proporcionar ansiedade podem ser, de fato, externos ou circunstanciais, representados pela luta entre as forças opressoras do ambiente e as condições da pessoa. Mas, mesmo se tratando de estímulos externos a sua natureza estressora será mais traumática ou menos traumática, dependendo da conotação à ele atribuída pela pessoa.