É importante esclarecer a todos que a reforma psiquiátrica tem muito o que evoluir e melhorar, assim como muitas esferas de assistência à cidadania. Faz-se mister entender que tal reforma não é contra a criação de leitos psiquiátricos, mas que os mesmo sejam criados em hospitais gerais, com pessoal capacitado e treinado para atender as urgências e emergências, com internações breves e após, encaminhados para acompanhamento em serviços especializados (CAPS), COM ATENDIMENTO INTERDISCIPLINAR, humanizado e acolhedor. Para isso, todos devemos cobrar do Estado, seja a nível federal, estadual ou municipal, para que tais serviços sejam reais e funcionem nas prerrogativas que o SUS rege. O que está na teoria deve ser cobrado e realizado na prática.
Além de atender pessoas com transtornos mentais, estes espaços acolhem usuários de álcool, crack e outras drogas e estão espalhados pelo país, modificando a estrutura da assistência à saúde mental. E vêm substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial, de características excludentes, opressivas e reducionistas, na tentativa de construir um sistema de assistência orientado pelos princípios fundamentais do SUS (universalidade, equidade e integralidade).
Esta forma de atendimento é fruto de um longo processo de luta social que culminou com a Reforma psiquiátrica, em 2001. Sua principal bandeira está na mudança do modelo de tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade, ou seja, trazer a família, os cuidadores para o processo de tratamento, e acompanhamento do paciente, que muitas vezes, é discriminado entre seus próprios entes.
O maior desafio para as políticas de saúde mental no Brasil hoje é o enfrentamento do uso do crack. Com a desospitalização promovida a partir dos princípios da Reforma pisquiátrica e o consumo crescente da droga em todas as esferas sociais, o SUS tem atuado de forma interdisciplinar, objetivando construir uma estratégia eficaz de enfrentamento do problema, já considerado uma epidemia por diversas instituições.